Saturday, August 11, 2007

A continuar assim temos um suicídio desportivo


Muitas das vezes na carreira de um piloto, mais do que os resultados desportivos conta a forma como se gere essa carreira. No caso do Armindo cometem-se erros que lhe poderão custar muito no futuro.

Primeiro foi o desgaste de imagem auto-infligido com a participação no Rali de Portugal com um carro e com uma equipa que pouco davam para andar nos dez primeiros, quando as expectativas criadas em todos os media generalistas era de que teríamos o piloto de Santo Tirso no grupo dos que disputariam a vitória.

Agora é o facto de ir participar no Rali da Nova Zelândia depois de uma paragem de três meses sem sequer uma sessão de treinos ou qualquer outro contacto com o volante do Lancer.

Quando não há dinheiro não há milagres, mas pergunto-me como é que há verba para se alugar um WRC para participar no Rali de Portugal, só pelo gozo que é andar na categoria máxima e não há dinheiro para o essencial, que seria fazer kms no Lancer de grupo N, que é a categoria em que se propuseram ganhar.

Por mais bom piloto que seja, vai participar numa prova completamente nova em competição com pilotos que nos intervalos do Campeonato do Mundo estão em competição constante nos campeonatos dos seus países, ou noutros ralis por esse mundo fora. Atente-se só no caso do Anton Alen, que desde ralis na Filandia com Subarus e Mitsubishis, até ao IRC com o Punto S2000, não passa um mês sem fazer um rali.

Os tempos peregrinos do título mundial do Rui Madeira já lá vão e hoje tem que se andar mesmo muito, quanto mais à frente melhor, pois o que não faltam são jovens lobos a tentar dar nas vistas para darem o salto para o WRC.

Podemos todos lamentarmo-nos que somos pequeninos e que não temos os apoios que os outros têm, mas uma vez em prova o cronómetro não olha a isso e o que fica para a história é o resultado final.

Para mim em vez dos lamentos, acho que temos é que racionalizar mais o pouco que temos e não encarar o facto da inferioridade como consumado. Se um país como a Estónia conseguiu colocar um piloto no topo do automobilismo (Marko Martin), então porque não também nós?

1 comment:

Anonymous said...

Há algum tempo venho a achar o mesmo...
Ainda no fim-de-semana do Rali Vinho Madeira em que o Bruno Magalhães, por exemplo teve uma boa projecção internacional (porque desta vez a Eurosport falou dos "outros" que não estão a perseguir o IRC), ouvi dizerem que o Armindo Araújo lá estava a ver o rali e perguntei-me o que faz ele do lado de fora...
No ano passado ele levou um Evo IX acabado de construir e sem afinações correctas a um segundo lugar no rali como tem sido o Vinho Madeira.

É triste ver que praticamente deixamos de saber do Armindo Araújo. E quando sabemos alguma coisa, é quando ele vai ver um rali, ou experimenta um carro qualquer muito mediático. A nossa grande promessa cai assim no esquecimento, e se isto acontece connosco portugueses, imagine-se com as pessoas influentes que ele precisa que notem nele... tenho pena, muita pena.


Enfim, este era o seu sonho. E ele persegue o seu sonho. Esperemos que as restantes provas corram melhor do que a Grécia.

Se algo falhar, pode ser que para o ano que vem voltemos a vê-lo cá no burgo...